O
senador Antonio Carlos Valadares (PSB) ocupou ontem a tribuna do Plenário, para homenagear o governador Marcelo Déda, que faleceu na
última segunda-feira (2). “Este é um momento muito difícil na vida dos
sergipanos e, também, na minha carreira política. Vir a esta tribuna para falar
de meu amigo e companheiro de política, o Governador Marcelo Déda é um dever
que cumpro com muita tristeza”, disse.
Valadares
falou da satisfação de conviver com um homem público raro e do orgulho de ter se
tornado seu amigo. “Para os que o conheceram – e aqui neste Plenário há muitos
que tiveram esse prazer –, não é difícil compreender ao que me refiro. Mas se
houvesse dificuldade, eu apelaria para as vozes de seus adversários políticos e
de outras pessoas que conheceram Marcelo Déda de perto. Vozes como as dos
Governadores Geraldo Alckmin e Antonio Anastasia, que nele reconheceram a
dedicação à causa pública, ao bem comum e ao progresso de Sergipe e do País”,
ressaltou.
O
senador lembrou-se da irretocável biografia do político jovem, cuja vida levou
tão cedo. Falou sobre o início de sua militância no grêmio estudantil do Ateneu
Sergipense e na Universidade Federal de Sergipe, onde cursou Direito. Recordou
sua organização na criação do Partido dos Trabalhadores em Sergipe e que apesar
de ter perdido as duas primeiras eleições nas quais se candidatou: o deputado
estadual, em 1982, e a prefeito de Aracaju, em 1985, não desistiu, como era de
sua natureza. “Era um lutador, que enfrentava com coragem os desafios da
política ou da doença fatal. Lutar, para ele, era como nadar, para um peixe,
uma ação absolutamente natural”, completou.
Lembrou
suas conquistas, como a eleição para deputado estadual em 1986 como o candidato
mais votado da história de Sergipe até então, e sua trajetória até a Câmara dos
Deputados em 1994 e em 1998. “Na Câmara desempenhou um mandato extremamente
ativo, tendo se tornado líder do PT, em fevereiro de 1998, o que o levou à
Executiva Nacional do Partido”, contou.
Em
outubro de 2000, Marcelo Déda se elegeu prefeito de Aracaju ainda no primeiro
turno, apesar de ter entrado na disputa como um dos últimos colocados. Na
reeleição à Prefeitura, em 2004, teve votação estrondosa, tendo sido eleito já
no primeiro turno, com 71,3% dos votos válidos! Isso o credenciou a disputar o
Governo do Estado, em 2006, em pleito no qual venceu, também em primeiro turno.
Na disputa da reeleição ao Governo de Sergipe, Marcelo Déda se reelegeu
novamente em primeiro turno.
“Só
quem não conhecia o Governador Marcelo Déda poderia duvidar da facilidade com
que os adversários se dispunham a lhe estender a mão, tal o respeito que ele
lhes dedicava e tamanho o espírito conciliador de que era dotado. Déda fazia da
política uma atividade maior, em que o benefício da sociedade era sempre o seu
objetivo primeiro. Na sua prática política não havia lugar para mesquinharia,
apenas para o diálogo e para gestos de grandeza”, afirmou.
Valadares
afirmou como todos ficaram mais pobres, os amigos, os adversários e a política
do País. “Não fosse a trágica doença, Marcelo Déda certamente estaria fadado a
cumprir grande destino na política brasileira. O seu talento e o seu espírito
largo assim o determinavam. Do Governo de Sergipe certamente viria para o
Senado e daqui sabe Deus para onde mais iria, que voos poderia vir a
empreender. Na sua esteira, iria deixando, como sempre, os rastros da
construção, da boa política e da melhoria de vida da população, sempre o seu
objetivo principal”, disse.
O
senador relembrou as manifestações de carinho recebidas pelo governador Dedá e
de seu legado para o povo sergipano. Citou que o governador fez muitas obras
que trouxeram benefícios. “Ele era um visionário e cuidou desse patrimônio que
se chama juventude. Junto com o ex-presidente Lula e a presidente Dilma
Rousseff levou para Sergipe a expansão universitária em Laranjeiras, Itabaiana
e Lagarto”, contou. O senador também lembrou a preocupação de Déda com a
cultura. “Ele consegui fazer com que a Praça São Francisco em São Cristovão,
primeira capital do Estado, se tornasse Patrimônio Cultural da Humanidade”,
lembrou.
Sobre
as demonstrações de carinho, Valadares recordou as palavras do arcebispo de
Aracaju, Dom Lessa, na missa de corpo presente; da presidente Dilma; do
ex-presidente Lula; do jornalista Gerson Camarotti e de outras autoridades.
Mas, emocionou a todos do Plenário ao reler o depoimento da primeira dama,
Eliane Aquino.
Os
senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Anibal Diniz (PT-AC) e Paulo Paim (PT-RS)
elogiaram o discurso de Valadares. “Seu pronunciamento mexeu com todos nós.
Falou de alma e sentimento. Certamente, foi a melhor e mais bela homenagem
prestada no Senado Federal”, afirmou o senador Paim.
Valadares
encerrou dizendo que agora só nos resta o rastro da saudade que Marcelo Déda
deixará. “Junto com ele, fica a lembrança do seu exemplo, a nos guiar na luta
política, que jamais será a mesma sem ele”, conclui.
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