O deputado federal Márcio Macêdo
(PT) fez um pronunciamento hoje em homenagem ao Dia da
Consciência Negra, comemoração que acontece desde 1960 em várias partes do país
e é acompanhada de festas populares, encontros culturais, palestras e
manifestações de cunho político e religioso. “Devido às conquistas no cenário
nacional, as ações afirmativas estão entre os assuntos em destaque neste mês da
consciência negra. Mas as atividades do período também abrem um amplo leque de
debates em torno de temas como a prevenção da violência contra a juventude
negra do nosso país. Hoje é um dia de reflexão, um dia para relembrarmos a
história, e o herói Zumbi dos Palmares”, afirmou o parlamentar, que fez, em seu
discurso, um breve relato da história do Quilombo dos Palmares, relembrando a
luta contra a escravidão.
“Este dia de referência aos negros
do nosso país, na verdade, é um dia para lembrarmos a contribuição do negro na
formação social brasileira, o que não se resume somente a Palmares. Os negros
sempre estiveram presentes nos movimentos sociopolíticos como a Abolição, a
expulsão dos holandeses, a luta pela independência, a Revolução Farroupilha, o
movimento Cabano em Alagoas, a Inconfidência Mineira e, depois, a inconfidência
baiana lá em Canudos, a Revolta da Chibata. Também estiveram, sim, na longa
caminhada contra a ditadura e nas Diretas Já e hoje continuam na luta pelo
fortalecimento da democracia e na luta pela diminuição das desigualdades
sociais”, destacou.
Feita esta referência histórica, o
parlamentar apresentou dados recentes relacionadas aos ainda elevados índices
de violência envolvendo negros no país. “Ainda morrem, por homicídios,
proporcionalmente, mais jovens negros do que jovens brancos”, frisou Márcio
Macêdo, apontando que 53% dos homicídios registrados no Brasil atingem pessoas
jovens, sendo que 75% são negros de baixa escolaridade, com maioria de homens,
segundo dados do Ministério da Saúde. Estes indicadores levaram o Governo
Federal, por meio da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, a lançar o
Plano de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra, destacou o
parlamentar.
“O objetivo é levar o programa aos
132 Municípios mais violentos do país, com ações voltadas para as áreas de
educação, com ensino em período integral; criação de espaços culturais em áreas
violentas; estímulo ao empreendedorismo juvenil; e capacitação das forças
policiais para lidar com jovens negros”, explicou.
“O Brasil ainda tem muito
preconceito em relação ao negro, mas felizmente muita coisa mudou, aliás,
o país mudou, e continua mudando, e hoje a menina dos olhos de qualquer
governante que tenha o mínimo de visão de futuro, que olha além do horizonte, é
a diversidade, é a multiculturalidade, é a inclusão, pois todos sabem que o
Estado brasileiro só se tornará de fato uma economia de primeiro mundo quando
acabar com as desigualdades sociais”, ressaltou.
Neste contexto, o deputado
reconheceu que apesar das conquistas dos últimos anos, a luta dos negros
brasileiros contra o racismo, contra o preconceito e contra a discriminação
ainda está muito longe da vitória. “Na época da escravidão, a violência contra
os negros era física e direta. Hoje, ela é premeditada, silenciosa, sutil,
traiçoeira, maldosa e eficiente porque não usa os castigos brutais para se
impor como usavam os senhores de antigamente. Nos dias atuais, as barreiras
políticas, sociais e econômicas que ainda existem contra os negros são quase
intransponíveis, mas apenas poucos conseguem vê-las, o que torna a luta para
derrubá-las muito mais difícil”, afirmou.
“Portanto, hoje é dia de
celebrarmos as conquistas e de continuarmos a luta. Hoje é 20 de Novembro, Dia
Nacional da Consciência Negra, martírio de Zumbi dos Palmares. A luta dele
continua viva entre nós, nas mãos do povo brasileiro. A melhor forma de
celebrarmos essa data, de homenagearmos negros, brancos, índios, pobres, todos
os discriminados do nosso País. Não é tolerável que nenhum cidadão brasileiro,
militante social, aceitar políticas que discriminam os negros, e também os
brancos, índios, pobres, idosos. Não podemos tolerar que em nosso país ainda
existam escravocratas”, concluiu.
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