O cenário começa a ganhar contornos mais factíveis agora. Herança maldita do coronelismo, todos os grupos que se apresentam sabem que para galgar sucesso num projeto estadual, precisam ter lideranças com influência sobre os currais eleitorais, pequenos feudos onde cada senhor sabe dizer quantos votos possui, na hora dos acertos. É por isso que vale analisar os números desta eleição.
Mas
vamos deixar claro: a precisão matemática dos números só serve às ciências
exatas. Sem essa de que os números não mentem. Mudos em si mesmos, aplicados às
ciências humanas, os algarismos arábicos dançam conforme a engenhosidade de
quem articula o discurso. Ainda assim é possível ouvi-los e preparar uma análise
inicial honesta, que está longe de se candidatar a fato irrevogável e
irretocável.
Governo e oposição
Apesar
de muito se falar numa suposta rejeição ao atual governo do estado, foi a sua
base de partidos quem elegeu a maioria dos prefeitos em 2012. Ao todo as siglas
que apoiam o governo de Marcelo Déda (PT) conseguiram eleger 45 prefeitos,
enquanto o grupo político comandado pelos irmãos Amorim elegeu 19 gestores e os
partidos sob influência política de João Alves Filho (DEM), fizeram 11.
As
explicações são as mais diversas: O governo diz que a realização de obras pelo
interior e a boa aceitação de Déda fora da capital levou muita gente à vitória.
Já a oposição atribui sua derrota à força do rolo compressor da máquina
administrativa, ou a peculiaridades locais. Mas isso já é uma outra conversa.
PSD
O
PSD manteve o posto que já era seu e foi o partido que mais elegeu mais
prefeitos: foram 12. É verdade que a maior parte deles foram prefeituras com
pequeno eleitorado, como Cumbe e General Maynard. Mas vale destacar a vitória
em municípios de médio porte, como Boquim e Riachão do Dantas, além do peso
simbólico da vitória em Japoatã, onde Dr. Gilmarcos derrotou Telmo Guimarães
(PSC) – irmão da presidente da Assembleia Legislativa, Angélica Guimarães (PSC).
PSC e PR
Em
segundo lugar ficou o PSC do senador Eduardo Amorim, que saiu com onze
prefeitos. Ao lado do PR (que elegeu seis prefeitos), foi o único partido do
grupo que tem como principal articulador o empresário Edvan Amorim a mostrar
robustez. Mais do que o número total, que em sua maioria inclui municípios
pequenos como Ilha das Flores, Areia Branca e Telha, valeu a vitória em cidades
como Simão Dias (por ser reduto político do senador Valadares (PSB) e Pirambu
onde a família Moura retorna ao poder.
PSB
Analistas
mais apressados afirmam que o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) foi o
grande derrotado das eleições porque além de não conseguir eleger seu filho
prefeito de Aracaju, não emplacou na Câmara de Aracaju os dois vereadores que
seriam os preferenciais do partido e ainda de quebra não ganhou no seu município.
Mas
um estudo menos apaixonado revela que o PSB aumentou o número de prefeitos:
saiu de nove para dez, passando a ser a terceira sigla com maior número de
alcaides em Sergipe (até o final de 2012 estava com a quarta posição). Não
custa lembrar que Valadares Filho (PSB), mesmo derrotado no primeiro turno, foi
escolhido por 38% do eleitorado da capital, consolidando sua candidatura em
2014, quando tentará o terceiro mandato de deputado federal.
PT e PMDB
Os
partidos que hoje estão comandando o estado, PT e PMDB elegeram sete prefeitos,
cada um. Nas previsões mais otimistas o Partido dos Trabalhadores esperava
iniciar o próximo ano com dez prefeitos, mas saiu dos seis atuais para sete e
ficou em quarto no ranking das siglas com mais Prefeituras. Já o PMDB caiu de
onze para sete Prefeituras. Houve casos como o de Itabaiana, onde a campanha
foi acirrada e a não reeleição de Luciano Bispo foi traumática, mas a
diminuição do número de prefeitos aconteceu porque em vários municípios o
partido abriu mão de candidaturas para apoiar outros nomes e garantir uma
aliança ampla – já de olho inclusive nas eleições de 2014.
Nuances
Levando
em conta o resultado destas eleições a base governista larga com uma boa
vantagem para 2014. O grupo dos irmãos Amorim mostrou força e conseguiu o
comando de importantes cidades, mas numericamente está muito atrás dos seus
principais adversários – principalmente se excluirmos da sua base prefeitos
eleitos pelo PSDB, DEM e PPS, que estão sob o guarda0chuva de João Alves.
Mas
que fique claro, como dissemos no início: a análise dos números é apenas um
ponto de partida, a realidade da política é muito complexa e envolve mais do
que siglas e números. No interior do estado as ideologias e projetos estaduais
ou federais sucumbem ante alianças tradicionais ou aos projetos de antagônicos grupos
familiares.
Prova disso é que partidos da tal “Federação de siglas” dos Amorim integraram algumas coligações que levaram partidos governistas ao poder. Em Amparo de São Francisco, por exemplo, Atevaldo (PSB) foi eleito numa coligação com o PMDB, PSC e outros. Em Lagarto, Lila (PSDB) foi eleito com o apoio do governador em exercício, Jackson Barreto. Em Campo do Brito, o PSB esteve ao lado do DEM para eleger Léo. Os governistas largaram na frente, mas a sopa de letra das coligações pode resultar em indigestão, se não ficarem de olhos abertos.
Prefeitos eleitos 2013/2016
Partido
|
Prefeitos
|
PSD
|
12
|
PSC
|
11
|
PSB
|
10
|
PT
|
7
|
PMDB
|
7
|
PR
|
6
|
DEM
|
6
|
PDT
|
5
|
PSDB
|
4
|
PRB
|
2
|
PPL
|
1
|
PSL
|
1
|
PPS
|
1
|
PTdoB
|
1
|
PCdoB
|
1
|
PSD
|
12
|
PMDB
|
11
|
PSC
|
10
|
PSB
|
09
|
PDT
|
08
|
PT
|
06
|
DEM
|
05
|
PR
|
05
|
PTB
|
04
|
PC do B
|
02
|
PSDB
|
01
|
PRB
|
01
|
PP
|
01
|
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